Investimentos

Gerente de banco perde espaço como fonte de informação para investidores

Apenas 15,2% dos leitores do E-Investidor pretendem buscar auxílio por esse profissional em 2021

Gerente de banco perde espaço como fonte de informação para investidores
Fila em agência de banco. Foto: Werther Santana/Estadão
  • Gerente de banco perde espaço como fonte de informação para investidores. Especialistas de mercado e youtubers estão entre as preferências
  • Mercado financeiro cada vez mais digital, dinâmico e menos centralizado nas grandes instituições fez profissional ser a última opção das pessoas
  • Assessores de investimentos estão em alta e a tendência é crescer ainda mais. Influencers devem ser assistidos com cuidado

Em um passado não muito distante, o gerente de banco era uma figura indispensável na vida dos investidores brasileiros. Porém, em um mercado financeiro cada vez mais digital, dinâmico e menos centralizado nas grandes instituições, este profissional perde espaço para assessores de investimentos (especialista de mercado) e até para influenciadores digitais.

Segundo estudo recente da B3 sobre perfil e comportamento de mais de 2 milhões de investidores, 73% aprenderam a investir por meio de canais do YouTube e influenciadores, 45% em plataformas online, 31% com ajuda de amigos, 20% em livros, revistas e jornais, 18% com ajuda de podcasts, 9% em cursos presenciais e apenas 7% com o auxílio de gerente ou assessor financeiro.

O fenômeno acontece porque frequentemente o gerente não oferece as aplicações mais adequadas à pessoa, pois muitas vezes o banco “vende” apenas seus próprios produtos. Com isso, o investidor deixa de ter acesso ao gigantesco universo de aplicações disponíveis no mercado brasileiro.

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Justamente por conta deste fator, Guilherme Maia, estudante do 2º ano de medicina, deixou de investir por meio do seu banco, onde possui conta corrente há anos, e abriu conta em duas corretoras. Segundo Maia, a estratégia oferecida pelo seu gerente era “engessada” e não fazia sentido com seus objetivos.

“Parecia que estava suprindo o desejo do banco com aqueles produtos e não o meu”, diz o estudante de medicina, salientando que começou a investir no início de 2020 para conseguir realizar seus planos pós-faculdade.

Maia não está sozinho e é só mais um da maioria dos leitores do E-Investidor que pensam desta forma. Em enquete realizada no Twitter sobre com quem as pessoas vão buscar informações de investimentos em 2021, o gerente de banco ficou na última colocação, com apenas 15,2% dos votos.

Gerente deve perder cada vez mais espaço

Como a tendência do mercado financeiro é ser ainda mais dinâmico, digital e descentralizado, os gerentes devem perder cada vez mais espaço na preferência dos investidores. Isso porque o contato com eles é feito, em sua maioria, exclusivamente via agência bancária.

Neste cenário, fica claro porque este profissional já não é mais a preferência dos investidores e devem ser cada vez menos, principalmente com a chegada dos mais jovens que são mais ligados à tecnologia.

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Como prova que esta é a tendência, Henrique Castro, professor da FGV EESP, cita que diversos bancos estão mudando suas estratégias e já oferecem aos seus clientes um assessor para cuidar dos investimentos, deixando o gerente apenas para as questões operacionais da conta. “Essa movimento de procurar menos o gerente já era esperado e por isso as instituições estão se movimentando”, diz o professor.

Assessores em ascensão

Seguir carreira na profissão de assessor de investimentos é algo cada vez mais buscado pelos profissionais do mercado. Segundo dados da Ancord, entre 2014 e 2019, o número de inscritos na certificação para agente autônomo de investimento (AAI) cresceu 430%, de 1163 para 6175 pessoas. “É uma figura nova no mercado e não me surpreende que estes profissionais tenham conquistado um grande espaço e credibilidade. Afinal, eles estão em constante contato com os clientes e são especialistas no assunto, diferente dos gerentes”, afirma Castro.

Cuidado com influenciadores

Apesar de enxergar os assessores com bons olhos e estar aberto à busca do profissional no futuro, o estudante de medicina explica que no momento investe sozinho e busca a maioria das informações na internet. “Acredito que por enquanto consigo as informações que preciso no YouTube. Então, ainda não vejo sentido em contratar o serviço de alguém”, diz Maia.

Segundo o professor, essa visão é comum, mas ela pode ser arriscada. Isso porque geralmente os influenciadores não são especialistas certificados. Além disso, o youtuber preparou o vídeo para alcançar o maior número de visualizações possíveis e não para atender o objetivo específico da pessoa que está vendo ele. “Na maioria das vezes, as recomendações são genéricas”, afirma Castro, da FGV.

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