Investimentos

Juro DI dispara após saída de Moro do governo

Taxas do depósito interfinanceiro subiram com a escalada da crise política

Juro DI dispara após saída de Moro do governo
Sergio Moro, ex-ministro da Justiça (Foto: Adriano Machado/Reuters)
  • No vencimento para janeiro de 2022, taxa chegou a subir 0,84 ponto percentual e atingiu 4,39% ao ano
  • No vencimento para janeiro de 2027, o juro DI chegou a saltar 1,09 ponto percentual e alcançar 8,39% ao ano
  • Antes do pronunciamento de Moro, as taxas estavam menores com a expectativa de queda da Selic na próxima reunião do Copom

Os juros em contratos futuros da taxa de depósito interfinanceiro (DI) disparam no mercado da B3 quando Sérgio Moro anunciou sua saída do Ministério da Justiça, na última sexta-feira (24).

Nos vencimentos mais curtos, como janeiro de 2022, a taxa avançou 0,84 ponto percentual, de 3,55% ao ano no ajuste de quinta para 4,39% ao ano, às 14h29 de sexta, por exemplo. E fechou em 4,05% ao ano (+ 0,50 ponto percentual) às 17h59 na semana passada.

Nos vencimentos mais longos, como o de janeiro de 2027, a taxa saltou 1,09 ponto percentual para 8,39% ao ano às 14h29 e fechou em 8,12% ao ano (+0,82 ponto percentual), também na sexta.

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Nessa segunda-feira, a fala do presidente Bolsonaro sobre a confiança em Paulo Guedes no ministério da Economia até ajudou a diminuir a tensão no mercado de juros, mas o efeito só durou pela manhã. No período da tarde, as taxas DI voltaram a subir.

A taxa do contrato com vencimento em janeiro de 2022 avançou 0,03 ponto percentual, de 4,05% para 4,08% ao ano. Já a taxa do contrato com vencimento em janeiro de 2027 subiu 0,30 ponto percentual para 8,42% ao ano.

O que pensam os especialistas?

Para André Fernandes, head de produtos da Ágora Investimentos, ao longo da última semana e antes do pronunciamento de Moro, as taxas curtas recuavam, enquanto as de longo prazo cresciam.

“A inclinação na curva mostrava que o mercado esperava um corte de 0,50 ponto percentual ou de 0,75 ponto percentual na Selic na próxima reunião do Copom. Os juros longos já haviam avançado cerca de 1 ponto, por causa da preocupação fiscal e da crise política”, disse. “Nesse cenário, há uma janela boa para papéis prefixados longos de 10 anos, pagando acima de 8% ao ano”, afirma Fernandes.

Mas com a saída do ex-ministro da Justiça do governo, os juros aumentaram em todos os vencimentos, identificou Ivan Kraiser, gestor chefe da Garín Investimentos.

“Esse pronunciamento do Moro foi como uma delação premiada, ele acusou o presidente e disse que saía porque não concordava com a interferência política na Polícia Federal. Para o presidente Bolsonaro só restaram três saídas, se tornar um pato manco, renunciar ou sofrer um impeachment. A melhor coisa para o mercado seria uma renúncia”, diz o gestor.

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Kraiser aponta que os eventos da última sexta-feira podem interferir na decisão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nos dias 17 e 18 de maio de 2020.

“Será que depois disso, o Banco Central vai baixar os juros? O mercado está pedindo mais taxa para o longo prazo e o dólar disparou”, afirma.

Para o investidor conservador e de curto prazo, ele falou sobre a segurança de CDBs de grandes bancos. “Para o moderado, um multimercado de baixa volatilidade. Já para o investidor mais agressivo, com apetite ao risco, os ativos em renda variável ficaram mais baratos”, diz.

Mas Kraiser alerta para o risco de o agravamento da turbulência influenciar negativamente o preço dos ativos: “Temos novamente uma crise política em Brasília”.

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