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São Paulo regride à fase amarela. E isso não faz cócegas no Ibovespa

O principal índice da B3 já havia precificado o possível movimento antes mesmo dele acontecer

São Paulo regride à fase amarela. E isso não faz cócegas no Ibovespa
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes Foto: Divulgação/Governo do Estado de SP
  • O maior direcionador do IBOV para dezembro continua sendo a vacina e a questão fiscal, diz head da Ágora
  • Índice pode ser afetado se o movimento durar mais tempo do que o previsto ou até acontecer um novo recuo de fase
  • No pior cenário, os setores mais prejudicados são os mesmos da 1ª onda: shoppings, aéreas, varejo de vestuário e educação

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB) informou na última segunda-feira (30) que o Estado regrediu para a fase amarela do plano de flexibilização econômica. As restrições começam a valer hoje (2). Muitos investidores ficaram receosos com o movimento, afinal, foi o anúncio de medidas de isolamento social para combater a disseminação da covid-19 que derrubou o Ibovespa em março.

Mas especialistas consultados pelo E-Investidor afirmam que o novo endurecimento das medidas deve ficar em segundo plano e não vai afetar o principal índice da B3. “O principal direcionador do IBOV para dezembro continua sendo a vacina e a questão fiscal”, diz José Francisco Cataldo, head de research da Ágora Investimentos.

Vale lembrar que, com o recuo os shoppings, os comércios de rua, bares, restaurantes, academias e eventos culturais voltaram a ter regras mais rígidas. Agora, a permissão de atendimento dos estabelecimentos foi reduzida de 60% para 40% da capacidade, e o período de funcionamento passou de 12 para 10 horas.

Regressão já era esperada

Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos, afirma que a volta para a fase amarela já era esperada pelo mercado devido ao aumento recente no número de mortes e casos. Ou seja, o Ibovespa já havia precificado o possível movimento antes mesmo dele acontecer.

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Como prova disso, o Villegas cita o desempenho em novembro dos ativos de shoppings, um dos setores mais afetados pelas medidas de distanciamento social. “Esses papéis iniciaram o mês muito fortes e depois perderam fôlego, mesmo com a intensa rotação de ações no período”, diz o estrategista.

Um exemplo desta performance é o Iguatemi (IGTA3), que subiu 27,28% do início de novembro até o dia 9, mas encerrou o mês com alta de “apenas” 20,57%, a R$ 36,16.

Ontem (1º), o IBOV teve alta de 2,30%, aos 111.399,91 pontos, e os papéis que mais subiram na sessão foram justamente aqueles que teoricamente são mais afetados com as restrições, o que indica que o recuo para fase amarela ficou mesmo em segundo plano.

Para Cataldo, a única forma da regressão afetar a B3 é se o movimento durar mais tempo do que o previsto ou até acontecer um novo recuo de fase. “O investidor está olhando mais para o longo prazo com as notícias positivas das vacinas do que essas medidas momentâneas”, afirma o head da Ágora.

Como se proteger caso as restrições aumentem ainda mais

Caso o pior aconteça, os setores que mais devem ser prejudicados são os mesmos que mais sofreram no ano até aqui. Ou seja, shoppings, aéreas, varejo de vestuário e educação. Já quem se destacaria mais seria novamente o e-commerce.

Portanto, se o cenário se confirmar, a recomendação para os investidores é que analisem com calma seus portfólios para o ajustar da melhor maneira para segunda onda da covid-19.

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Porém, Cataldo alerta que a possível nova crise pode ser ainda pior. Isso porque grande parte das ações que performaram bem apesar da crise dependem muito da estabilidade da renda das pessoas.

Tendo em vista o fim do auxílio emergencial este ano, o comércio eletrônico também pode apresentar um desempenho ruim. “Sem a ajuda do governo na renda das pessoas, o e-commerce não vai performar bem de novo”, diz o head da Ágora.

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